Esta é a estória da noite mais bizarra da minha vida. A dita cuja se passou há 10 anos atrás e eu ainda não tive (e provavelmente nunca vou ter) uma noite tão bizarra quanto essa!
O dia era um domingo, 30 de Janeiro, e eu me lembro porque ainda estava no colégio e as aulas começavam no dia 31. Pra dizer adeus às férias, eu e meus dois melhores amigos resolvemos ir ao ponto mais quente da cidade (em cidades do interior de São Paulo é comum existir uma rua com muitos bares e, consequentemente, muita gente!). O único problema é que na época, nós tínhamos apenas 17 anos, não tínhamos carro nem habilitação, os meios de transporte naquela época eram:
- bicicleta; que não era uma boa opção, visto que chegaríamos à balada vertendo suor por todas as partes.
- andando; que trazia o mesmo problema do veículo anterior.
- moto-táxi; era nosso veículo favorito para ir para as baladas, barato, rápido e prático... poderíamos até voltar à pé, mas indo de moto-táxi, mantínhamos a camisa seca.
Embora o moto-táxi parecesse ser a melhor opção, tínhamos um problema – o primo de um dos meus amigos estava na cidade e havia acabado de enfiar o pé num prego gigante! Estava enfaixado até a canela e precisava de muletas para andar. Isso não o impedia de curtir a balada conosco, mas o colocava incapacitado para a utilização dos nossos 3 meios de transporte favoritos.
Com muito esforço, consegui uma carona com meu pai, que deixou muito claro que não iria buscar ninguém, principalmente de madrugada! Como a volta seria de grande complexidade logística, entrei em contato com um taxista conhecido para me certificar de que ele nos atenderia, mesmo que de madrugada. Ao telefone ele disse que não haveria problema, que seu celular estaria ao lado da cama e que assim que entrássemos em contato ele viria nos buscar. Você que tem acompanhado o blog deve ter percebido que eu ainda era muito inexperiente no mundo da noite naquela época, extremamente precavido e preocupado. Mas fazer o quê? Eu tinha apenas 17 anos!
Outra característica que mudou bastante com o passar do tempo foi minha habilidade com o sexo oposto. Eu não sou nenhum garanhão de novela, também não sou nenhum grande conquistador, mas naquele tempo, eu era muito menos! Até então eu só tinha estado com algumas garotas, nunca havia namorado e sexo... parecia um sonho distante (embora eu tivesse tido boas oportunidades, só percebi que estava tendo estas oportunidades muito tempo depois). De qualquer forma, meus amigos me pressionavam porque nunca haviam me visto com uma garota, e isso me incomodava. Tinha que mostrar que era diferente, que eu sabia o que estava fazendo (mesmo não sabendo).
Ao chegar, o ambiente estava exatamente como esperávamos, muita gente, música, bebidas... a combinação perfeita para uma boa balada! Fomos ao nosso bar preferido, o mais barato. Pegamos algumas bebidas e saímos para apreciar o movimento. Foi então que eu a vi: a garota mais bonita da noite (talvez houvesse uma garota mais bonita, mas eu não vi, ou não consegui prestar atenção). Mas meus amigos estavam determinados a me encontrar um “peguinha”, de repente, o primo me chama pra um canto e fala que vai me apresentar alguém, chamou a primeira garota que passou (muuuuuuuito feia, por sinal) e começou a inventar estórias a meu respeito (tirando o baixo padrão de escolha, o cara até que era um ótimo wingman!). Mas como eu estava interessado na garota mais bonita da noite, dispensei a escolhida do meu mais novo wingman e fui atrás de quem interessava (mal havia percebido que um dos meus amigos havia bebido demais e estava achando lindo ficar com a moça que eu dispensara).
Não foi muito difícil encontrá-la, pois ela estava passando na minha frente a cada 15 minutos. Assim que ela passou eu fiz a abordagem que estava ensaiando a noite toda: “eu sei que você vai me dar um fora, mas posso pelo menos saber o nome da garota mais linda da balada?” Eu sei... foi como eu disse, na época eu ainda não tinha muito jeito pra coisa e isso foi o melhor que eu consegui pensar. Mas surpreendentemente, a resposta não foi nada do que eu esperava: “Meu nome é Laís, mas quem disse que você levou um fora?” Eu estava gelado, suando, meu cérebro estava em TILT, não sabia o que fazer e tudo o que consegui responder foi: “então... se eu não levei um fora, você fica comigo?” E a conversa continuou
“Olha.. não é que eu não queira, você é muito gato (eu custo à acreditar até hoje, mas foi exatamente o que ela disse)! Mas eu tenho namorado.”
“Ah... se você tem namorado, desencana. Não quero atrapalhar nada.”
“Isso não significa que a gente não possa sair pra se conhecer... meu namorado não é da cidade (eu não entendi o que isso significava naquela época, eu achava que todas as pessoas eram fiéis).”
Caminhamos pela rua movimentada conversando sobre quem éramos, onde estudávamos, que tipo de música gostávamos etc, e por fim voltei para minha turma sem ter ao menos tentado beijar aqueles lábios lindos!
Ao voltar ao meu grupo, o caos estava instaurado. Lembram que eu havia dispensado aquela garota muuuuito feia e que meu amigo acabou entretendo-na? Bem... agora ele estava pagando bebidas e beijando a moça! Pudemos ver isso através de uma pequena janela na frente do bar, uma visão de filme. Entramos desesperados para salvar nosso amigo e quando chegamos vimos que ele estava tão bêbado que naquele ponto, já imaginava que estava saindo com uma modelo de passarela. A conversa foi aproximadamente a seguinte:
está fazendo?? Essa mina é muito feia!” (acabei de lembrar... esse meu amigo era o mais bonitão da turma, que sempre se dava bem com as garotas mais bonitas)
“Pode até ser, mas ela falou que vai dar pra mim! Lá no banheiro!”
“Mesmo assim, não dá nem pra comer... ela é muito feia! E você está pagando bebidas pra ela!!!”
...
Depois de muita argumentação, conseguimos tirar meu amigo das garras da mulher mais feia da noite (que mais tarde prometemos nunca deixá-lo esquecer que um dia ele ficou com a mina mais feia da balada!). Como eu era o cara mais sóbrio da balada, resolvi que já era hora de irmos embora. Liguei para o taxista com quem havia conversado mais cedo e adivinhem: O celular dele estava desligado!!!
Deixei os bêbados e fui procurar, sem sucesso, um táxi. Quase desistindo, perguntei no posto de gasolina se alguém conhecia um taxista que pudesse estar trabalhando aquelas horas e um cara encostado num canto falou:
“Quanto você pagaria pela viagem?”
Pensei, posso enrolar um pouco, como o taxista havia dito que a viagem ficaria em torno de 30 reais, disse:
“uns 20 reais, por quê?”
“Se você colocar isso de álcool no meu carro eu levo vocês.”
Disse que iria ver e fui falar com os meus amigos. Como todos estavam de acordo (ou muito bêbados para opinar), voltamos todos ao posto e colocamos o álcool no carro do cara estranho. Enquanto o tanque enchia, eu a vi entrando na conveniência. Disse para os meus amigos que iria me despedir e fui encontrar com a garota mais bonita da balada. Depois de me despedir, voltamos de mãos dadas até onde estavam meus amigos, que na hora perceberam meu movimento e começaram a dizer:
“Ah não... nem vem dizer que você ficou com ela!”
“Tá tudo combinado!”
...
Nesse momento, a garota pegou meu rosto e me deu um beijo do qual eu nunca me esqueci, principalmente porque eu estava tão perplexo com a situação que não consegui beijar ela!
Como se a noite não estivesse bizarra o suficiente, era hora de irmos e o carro já estava abastecido. O cara estranho pediu para que fossemos entrando, e quando já estávamos lá dentro, ele pegou seu par de muletas, foi até o carro, se jogou para dentro, guardou as muletas num canto, colocou a perna direita no meio do painel e disse:
“É que eu sofri um acidente há um tempinho atrás, mas podem ficar tranquilos que vocês vão chegar bem!”
Meu amigo que estava bêbado não parava de relatar o óbvio:
“Olha o cara!!! Ele dirige com uma perna só!!!!”
Por fim, eu acabei beijando a garota mais bonita da balada, meu amigo pegador beijou a mais feia, pegamos carona com um completo desconhecido e descobrimos que é possível dirigir apenas com a perna esquerda!
Abraços
O Pinguim Esperto